O mundo está mudando. Há dias que estamos acompanhando nos noticiários manifestações em vários países contra o genocídio de pessoas negras, crime que infelizmente faz parte da vida diária de milhões de brasileiras e brasileiros. No dia 18, a polícia do Rio de Janeiro matou João Pedro, adolescente negro de apenas 14 anos, dentro de casa. Apesar de deixar a população indignada, este é um caso corriqueiro relatado em nossos jornais e redes sociais, e banalizado por nossas autoridades.
É por casos como esse que o movimento de luta contra o racismo ocupa as ruas, incitado principalmente pelo assassinato de George Floyd, de 46 anos, asfixiado por um policial branco nos Estados Unidos. Essa tomada de consciência das pessoas é pertinente e muito importante para a luta, ainda mais quando ambos os países têm presidentes racistas, misóginos, que propagam o ódio e defendem um regime antidemocrático. Nos EUA, apenas 13% da população é negra, tendo que enfrentar uma estrutura discriminatória e excludente. Aqui no Brasil somos a maioria, mas os enfrentamentos não são mais simples.
Somos a maioria também nas periferias, recebemos menores salários e não temos oportunidades justas de acesso à educação e saúde. 75% das pessoas que vivem em extrema pobreza são pretas ou pardas, ou seja, mais de 13 milhões de brasileiros; e 67% das pessoas negras dependem do SUS, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados do Ministério da Saúde apontam que a pandemia de Covid 19 é mais letal entre negros, fenômeno que também aconteceu nos EUA, devido às condições de maior vulnerabilidade social a qual esta população está submetida. Somos a maioria também nas escolas públicas, e as que mais enfrentam dificuldades para acompanhar aulas não presenciais, porque temos menos acesso à internet e infraestrutura.
São lutas antirracistas como as que acontecem agora que conquistam algumas vitórias, como o sistema de cotas, que busca minimizar as diferenças e promover igualdade, fazendo com que em 2018, pela primeira vez, houvesse mais matrículas de negros e pardos do que de brancos nas universidades públicas do país. A sociedade tem que entender que defender o povo negro é uma obrigação principalmente de pessoas brancas, que têm com este uma dívida histórica. Essa luta é urgente e constante. O SINPMOL está ao lado do movimento negro, por uma educação antirracista, porque através dela é que pode haver transformação social. #VidasNegrasImportam